Sempre aprendi que uma coisa é boa ou ruim, pelo resultado que produz. No começo ou no transcurso das coisas, tudo pode parecer muito estimulante, mas o que conta finalmente, não é o modo como as coisas começam, mas como elas terminam: “Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” - (Provérbios 14.12). Uma das canções mais conhecidas de Martinho da Vila, fala a respeito do carnaval: “ (...)São escultores, são pintores, bordadeiras. São carpinteiros, vidraceiros, costureiras. Figurinista, desenhista e artesão. Gente empenhada em construir a ilusão. E que tem sonhos como a velha baiana, que foi passista, brincou em ala. Dizem que foi o grande amor de um mestre-sala. O sambista é um artista. E o nosso Tom é o diretor de harmonia. Os foliões embalados pelo pessoal da bateria. Sonho de rei, de pirata e jardineira. Prá tudo se acabar na quarta-feira (...)”.
Esse na verdade é o lado romântico do carnaval; aquilo que aparece na Avenida e na mídia na hora do desfile. Mas nem na Avenida, nem na mídia, aparece o dia seguinte, a semana seguinte e muito menos, nem o final da vida dos tantos protagonistas do carnaval. Na verdade, a canção de Martinho da Vila continua, exaltando o fato de que mesmo que a ilusão se acabe ali, a quarta-feira e a quaresma serão marcadas lá no morro, pelas mesmas fantasias transformadas em cortinas e bandeiras. Mas será apenas esse o resultado do carnaval?
Muito além do que fala o cantor, há um rastro de dor e morte que sempre segue o carnaval. Não são somente as ruas entulhadas de lixo. São milhares de vidas que se perdem de algum modo. Quem poderá contabilizar o número de jovens que ingressam no vício neste tempo de carnaval? Quem poderá contabilizar o número de adolescentes que terão que interromper seus sonhos por causa de uma gravidez inesperada? Quem poderá contabilizar o número de famílias que serão desfeitas por causa dos adultérios? Quem poderá revelar os jejuns de crianças e velhos, forçados por uma quaresma de mesas vazias? Quem poderá medir a dor das almas feridas pelos tantos excessos? Quem pode calcular o número de pessoas que neste carnaval foram contaminadas por doenças sexualmente transmissíveis? Qual é o custo humano de tudo isso? Qual é o custo social? Qual é o custo financeiro? E sem contar a desordem e a violência urbana, que neste carnaval, especialmente no Rio de Janeiro ultrapassaram todas as medidas.
Quanto a nós, Igreja Comunidade Cristã de Encantado, nos reunimos durante três dias em meu sítio, onde pudemos usufruir de momentos lindos. Ali, trabalhamos servindo uns aos outros, descansamos em meio à beleza e à paz da criação de Deus; tivemos cultos abençoadíssimos; conversamos muito, brincamos muito. Crianças, adolescentes, jovens, adultos, velhos, crianças de colo, todos juntos, integrando as gerações e vivenciando uma comunhão cada vez mais rara neste mundo de tantas inversões. E o resultado? Nada de sujeira acumulada, nada de excessos, nada de álcool, nada de drogas, nada de imoralidade, nada de culpas. Sem confusão, sem brigas, sem discussões, saímos de lá felizes, levando cada um o seu dever de casa, que foi o tema do Retiro: “Refletindo a Cristo”.
Prezado leitor: Sei que não somos a única Igreja a promover esse tipo de vivência. Mas confesso que depois deste “carnaval” me sinto particularmente recompensado. Há muitos anos venho perseguindo a visão de um cristianismo descomplicado, que sem arroubos de grandeza ou sofisticação, procura viver a simplicidade e a pureza do Evangelho (1 Coríntios 11.3). Hoje, posso ver os jovens, incluindo meus filhos, assumindo conscientemente esse estilo de vida; posso ver crianças e adolescentes simbioticamente fazendo o mesmo. Os resultados me indicam um caminho no qual posso prosseguir. E, você é bem-vindo!
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA?
