Nos últimos dias, temos vivido um dos maiores traumas da nossa História recente. E, assim como foi com a tragédia da Boate Kiss em Santa Maria, a dor que estamos sentindo pela perda de tantas vidas preciosas é ainda potencialmente agravada pela inconformidade com a causa que a provocou. Como pode o proprietário de um avião, sendo ele o próprio piloto, arriscar um voo dessa magnitude sem uma reserva mínima de combustível? Há coisas que parecem inexplicáveis, porque elas de fato não fazem sentido, entretanto, sempre há uma explicação: A grande maioria dos acidentes não são provocados pela imperícia e sim pela negligência ou imprudência. Eles acontecem quando nós já nos sentimos seguros; quando já fizemos isso tantas vezes antes e apostamos que a próxima vez também dará certo. Claro, não é hora de piadas, mas dizem que uma das frases mais comuns antes de acidentes de trânsito fatais é: “Vai que dá!” E, foi assim que aconteceu: Por quê o voo estava atrasado, o piloto decidiu não fazer a escala que estava planejada. Pela sua “experiência”, ainda que no limite do combustível, ele chegaria ao destino. Teria chegado, não fosse um pequeno detalhe que ele não previra: a pista do aeroporto estava ocupada por outro avião que também precisou fazer um pouso de emergência. São coisas que o excesso de confiança não pode prever, muito menos controlar! Mas, se é que de tudo se pode extrair algo bom, então devemos agora refletir sobre as lições que essa tragédia pode nos ensinar. Particularmente, fiquei pensando que no fundo a atitude desse piloto reflete muito o espírito da nossa época. Sim, nós achamos o cúmulo que um homem com essa bagagem profissional viesse a cometer tal desatino, por que afinal, não se pode estacionar um avião no acostamento. Mas quantos erros graves e às vezes fatais, nós mesmos cometemos no dia a dia por não respeitar os limites do bom senso? Hoje estamos todos vivendo pressionados pela sensação de que estamos atrasados. Diariamente deixamos de fazer as escalas necessárias para reabastecer, por que temos pressa de chegar. Sim, como aquele piloto, muitas vezes nós conseguimos , mesmo no limite, mas virá o dia que algum pequeno detalhe se atravessará no nosso caminho e nossa viagem poderá ser abruptamente interrompida. Então, o nosso corpo físico, que sempre suportou a pressão, já não mais suportará; as nossas emoções que sempre conseguimos dominar, se descontrolarão; os nossos relacionamentos que sempre conseguimos segurar, se desfarão; a nossa autoconfiança, que confundíamos com fé, se esvairá. Prezado leitor: Para quem conhece a Bíblia, das dez virgens que saíram para encontrar-se com o noivo na escuridão da noite, cinco delas não conseguiram entrar nas bodas, por que não possuíam mais azeite em suas lâmpadas. (Mateus 25:1-13) Quantos projetos, quantas trajetórias são interrompidas bruscamente por pequenos detalhes que pareciam tão fáceis de controlar? Não, nós não somos deuses! Somos apenas humanos, e quão fragilmente humanos! Então, que aprendamos a lição, pois se queremos alcançar nosso destino, neste mundo e na eternidade, não podemos andar sem reservas. JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!