Diz um provérbio americano, que “boas cercas fazem bons vizinhos”. Por aqui é um provérbio desconhecido, mas nem por isso menos verdadeiro. Crescendo no interior, desde criança, aprendi a utilidade das boas cercas. Quantas problemas causa para sua vizinhança, um agricultor descuidado com elas! Ninguém gosta de ter seus espaços invadidos, seja pelos animais do vizinho ou até mesmo pelo próprio vizinho. Nesse sentido a própria Palavra de Deus aconselha: “Não ponha muito os pés na casa do teu próximo; para que não se enfade de ti e passe a te odiar” – (Provérbios 25.17) De fato, cada vez mais percebo que a longevidade dos bons relacionamentos, está diretamente ligada à capacidade de manter distâncias saudáveis. Como já morei em diversas cidades e sempre em casas alugadas, já tive boas experiências nesse sentido. Lembro-me que quando nos mudamos para Estrela, no verão de l996. recém chegado, estava conversando com um dos vizinhos, junto à divisa dos nossos pátios. Ele também acabara de se mudar, pois possuía uma casa antiga ali próxima, mas construíra sua nova casa ali. Legara que não havia brado dinheiro para construir um muro ainda. Era há um homem já idoso, educado, mas como todo bom alemão, muito sincero. Então, de um jeito como quem escolhe bem as palavras, disse-me ele: “Sabe, essa casa que estás morando já tem mais de trinta anos e eu entrei nela somente uma vez. Aqui nós nos damos muito bem entre os vizinhos, mas não costumamos nos visitar”. À época, com três crianças pequenas, bichos de toda espécie, as crianças dos vizinhos brincando com os nossos filhos, aos olhos dele era fundamental que de algum modo alguma cerca fosse levantada o quanto antes, então ela a fez com muita sabedoria. Vivemos ali mais de cinco anos, e a cerca verdadeira nunca precisou ser construída. Nos tornamos bons amigos. Chegamos até a nos visitar algumas vezes e com frequência tínhamos longas conversas naquele mesmo lugar. Quando viajávamos deixava as chaves com ele. Na enchente de l999, hospedei até suas galinhas em minha casa, mas nunca, em qualquer hipótese invadi a linha da cerca que ele colocara entre nós e claro, muito menos ele. Todos nós precisamos um espaço mínimo para nos mover com liberdade. Até mesmo dentro da mesma casa, portas e chaves são de fundamental importância, porque o bem mais sagrado que o ser humano possui é a sua individualidade. Porém a mentalidade contemporânea, com o pretexto da liberdade de expressão, da igualde irrestrita, do politicamente correto e das tantas falácias humanistas e marxistas, quer derrubar todas as cercas por decreto, com se fossem todas abomináveis. Num mundo onde o emotivismo vai cada vez mais tomando o lugar da razão, as pessoas já não compreendem que muitas vezes as cercas são a única possibilidade de preservar os indivíduos e a própria sociedade. Esse romantismo, esse idealismo irracional não entende que quase todas diferenças até mesmo aqueles que podem parecer mais absurdas, possuem razões históricas, culturais religiosas que não podem ser apagadas simplesmente passando uma borracha. Tomo como exemplo a questão palestina, que mais uma vez volta a ocupar as notícias. Há ódios tão antigos entre Israel e Palestinos que dificilmente eles poderão viver lado a lado sem boas cercas. Assim também em relação aos de valores, racismo, religião, moral, espaços culturais, a retirada precipitada das cercas pode produzir o caos. Prezado leitor: A Bíblia nos adverte que no final dos tempos anticristo faria a tentativa de unir tudo debaixo do seu governo. O resultado? “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão – (1Tes. 5:3) JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!