Quem é meu leitor, já sabe que tenho um sítio e sabe o quanto zelo por ele.  Pois bem: Na semana passada foi feita a manutenção da estrada municipal que faz frente com a minha propriedade. Como trata-se de um aclive com solo firme, o percurso normalmente é bom, exigindo poucos reparos além da conservação das valetas e desaguadouros.  Mesmo assim, com o passar dos anos, em cada manutenção um pouco mais de terra foi sendo depositada à margem. Então, sobre esse material eu fui plantando várias espécies de arbustos que formaram uma cerca viva. Neste ano especialmente, por ter chovido bastante, as plantas cresceram com mais vigor e eu já estava empolgado com a expectativa de ver tudo aquilo florescendo na Primavera.  

Já havia acontecido uma ou outra vez, que um operador de máquinas mais descuidado destruía algumas plantas, mas insistentemente eu as repunha. E assim, a margem da estrada estava ficando cada vez mais bonita.

Porém, na semana passada, qual não foi minha surpresa, quando ao chegar  no  local, vi todo meu esforço desfeito.  Simplesmente a “patrola” levou tudo por diante. E não somente destruiu o meu trabalho, mas arrancou árvores pelas raízes, entulhando as margens com uma quantidade desmesurada de terra que foi desnecessariamente removida. Não sei se o operador da máquina é inexperiente, se trabalhou sem supervisão, se estava num mau dia, ou se realmente não possui qualificação para o trabalho ao qual foi designado. 

E então, como sobre alguma coisa ruim normalmente se acrescenta outra, alguém aproveitando-se  da situação decidiu retirar material na outra margem da estrada, abrindo quase uma cratera, nas terras que pertencem aos meus irmãos.   Ufa!

Já estive na Prefeitura, já falei com a pessoa responsável, a qual prometeu amenizar o quanto possível os danos.  Então vai ficar tudo bem.  Não é o fim do mundo.   Vou começar tudo outra vez.  Passou!

Mas então por que estou me referindo ao fato?  Em primeiro lugar por que calar é sempre a pior opção. Quando denunciamos as coisas erradas, estamos contribuindo para que tudo possa ser melhor ali na frente. A omissão é sempre a pior escolha.  É por isso também que Jesus nos enviou para pregar o Evangelho e é por isso que a pregação do Evangelho começa com a mensagem do arrependimento.  Ora, se tudo estava bem conosco; se não precisássemos rever nossos caminhos, qual seria a razão da cruz?

Mas, também estou usando esse episódio para demonstrar a complexidade da natureza humana e a dificuldade que o bem possui de se sobressair ao mal. Não quero superdimensionar o fato, mas nada melhor do que os exemplos do quotidiano para ilustrar verdades importantes que precisamos assimilar.  E a grande lição que novamente extraio, é que infelizmente temos em nós um imensurável potencial de destruição, que de um momento para outro pode pôr abaixo construções, valores, padrões e belezas  que demandaram a outros um custo que normalmente ignoramos.   

A mim me parece que quanto mais compreendo a vida, mais me sinto constantemente “pisando em ovos”.  Tudo é muito sensível, tudo é muito delicado, tudo parece estar por um fio.  Aquilo que está em harmonia, sempre, em todas as realidades e dimensões, dentro e fora de nós, levou muito tempo  e esforço para ser estabelecido.  Para destruir, no entanto,  basta um olhar desatento, um gesto irrefletido, uma palavra precipitada, um sentimento não contido, uma pessoa fora do lugar devido.  

Prezado leitor: Se queremos deixar um bom rastro; se queremos ser pessoas que ao menos não tornaram o mundo pior, precisamos sim, nos imaginar constantemente “pisando em ovos”, porque a vida, exige reverência: “Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, mas um só pecador destrói muitas coisas boas.” (Eclesiastes 9.18)

JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!