Em 1985 conheci em Gramado um casal de irmãos em Cristo, já idosos, com quem tive uma amizade muito profunda. Willy e Cathy Haeuser eram ambos descendentes de menonitas, um ramo da Igreja Reformada que surgiu no século XVI na Europa, liderado por Menno Simons, um dos grandes expoentes da Reforma Protestante. Perseguidos ferozmente na Europa ocidental por seguirem a linha dos Anabatistas, que significa “rebatizadores”, foram obrigados a sobreviver na adversidade, tornaram-se assim um povo extremamente disciplinado e trabalhador. Por isso, em
Porém, em 1917 com a tomada do poder pelo regime comunista, suas terras e bens foram confiscados e uma nova perseguição levantou-se contra eles por causa da sua fé. Assim não lhes restou outra alternativa que não a fuga. Há histórias fantásticas desse tempo, onde pessoas sem condições físicas para enfrentar os perigos da fuga, deram seus filhos a outros como única alternativa de lhes dar uma oportunidade de futuro.
Mas enfim, a família de Kathy conseguiu fugir e acabaram vindo para o Brasil onde encontraram trabalho em fazendas de café no estado de São Paulo. Do outro lado, saindo da Alemanha em função da grande crise que se estabeleceu depois da primeira guerra, os pais de Willy chegaram ao mesmo destino.
Esse casal viveu uma história muito linda, pois formados nos mesmos princípios de fé, oravam a Deus que nunca chegassem a se apaixonar pela pessoa errada. Oravam para que tivessem seus corações unicamente para a pessoa que Deus tivesse preparado para eles. E foi assim, que sem qualquer conhecimento da existência um do outro, um dia se cruzaram, se olharam e sentiram exatamente aquilo que haviam pedido a Deus para sentir no momento certo. A amizade com eles foi sem dúvida uma das grandes dádivas recebi de Deus. A visão deles era tão límpida quanto a essas questões, que quando a Simone, então ainda minha namorada, foi me visitar em Gramado, ao vê-la pela primeira vez não tiveram qualquer dúvida que ela era a pessoa que Deus havia preparado para mim. Carrego uma doce saudade deles e uma feliz expectativa do dia quando nos encontraremos novamente na glória celestial.
Mas o que afinal me levou a falar deles? É que um dia, depois de uma refeição que fizemos no Seminário, eu e a Dª. Kathy ficamos ainda conversando um longo tempo à mesa e eu então lhe fiz a seguinte pergunta: -Como aconteceu a revolução comunista na Rússia? Nunca pude esquecer a sua resposta: -“Foi tudo muito rápido. A Rússia era um lugar bom de se viver. Havia ordem, liberdade, o povo era pacífico. Ouviam-se rumores de mudanças, mas ninguém levava isso muito a sério; ninguém acreditava que o seu parente ou o seu vizinho poderia tornar-se do dia para noite o seu inimigo. Foi como uma tempestade que se levantou e tirou todas as coisas do seu lugar”. E, o que me impressionou ouvir dela foi o seguinte: “A Rússia, antes da revolução comunista, era um país muito parecido com o Brasil”.
Prezado leitor: Desde então, tenho me tornado mais cauteloso ao avaliar as coisas e, por consequência, bem menos cético. Nem tudo o que parece morto, está realmente morto; nem tudo o que está vivo, possui o vigor que aparenta ter. O ser humano é tão imprevisível quanto o tempo e, as mais sofisticadas previsões meteorológicas falham. Contudo, nunca uma tempestade se levanta sem emitir algum sinal. Devemos levar isso em conta, especialmente num tempo quando ainda nos é dado o poder de interferir nas circunstâncias. “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que Ele escolheu para sua herança” – Salmo 33.12.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!
