No capítulo 5 do Evangelho de Marcos, encontramos um dos episódios mais impressionantes do ministério de Jesus. Ao atravessar o Mar da Galiléia Ele desembarcou com seus discípulos em Gadara, uma região de cultura grega. Os judeus não costumavam ter contato com esse povo, uma vez que seus costumes, entre eles comer carne de porco, afrontavam sua fé. Descrevo então o episódio ali ocorrido: “Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem possesso de espírito imundo, o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo; porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo. Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras. Quando, de longe, viu Jesus, correu e o adorou, exclamando com alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes! Porque Jesus lhe dissera: Espírito imundo, sai desse homem! E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos. E rogou-lhe encarecidamente que os não mandasse para fora do país. Ora, pastava ali pelo monte uma grande manada de porcos. E os espíritos imundos rogaram a Jesus, dizendo: Manda-nos para os porcos, para que entremos neles. Jesus o permitiu. Então, saindo os espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram. Os porqueiros fugiram e o anunciaram na cidade e pelos campos. Então, saiu o povo para ver o que sucedera. Indo ter com Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido, em perfeito juízo e temeram. Os que haviam presenciado os fatos contaram-lhe o que acontecera ao endemoninhado e acerca dos porcos. E entraram a rogar-lhe que se retirasse da terra deles. Ao entrar Jesus no barco, suplicava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele”. (Marcos 5.2-16)
Quando lemos os Evangelhos, vemos em Jesus o pulsar de um coração inteiramente entregue ao “obstinado” desejo de trazer de volta o ser humano ao seu legítimo lugar. Todas as pessoas por Ele tocadas, foram curadas, libertas, mas acima de tudo, foram plenamente restauradas em sua dignidade.
Entretanto, o episódio acima descrito, provoca algumas perguntas inevitáveis: Por que o povo de Gadara reagiu daquela maneira? Por que ninguém, até aquele dia, conseguiu libertar aquela pobre criatura? Por que aqueles espíritos imundos clamaram com tanta veemência para permanecer no lugar? No meu entendimento, aquele homem, no fundo, representava o subproduto inevitável da sociedade a que pertencia. Alguma coisa havia em Gadara, que alimentava a maldade insaciável daqueles demônios.
Ora, a presença de Jesus não teria sido a grande oportunidade de transformação daquelas pessoas? Quantas coisas teriam mudado em Gadara, se Jesus tivesse sido convidado e entrar na cidade e anunciar o Reino de Deus? Porém, diante do acontecido, eles preferiram pedir que Jesus se retirasse.
Minha experiência é que mesmo hoje, diante da inevitável transformação que Jesus continua operando, muitos sentem um verdadeiro mal estar ao ouvir falar do Seu nome. Jesus veio para libertar os cativos, mas parece que somente aqueles que conseguem se perceber no fundo do poço, buscam verdadeiramente Sua presença e se sentem compelidos a seguí-Lo. Os demais, ao fazer os cálculos, ao pensar nos “porcos perdidos”, irão preferir que Ele se retire, para que possam retomar as suas rotinas.
Prezado leitor: Qual é a reação que o nome de Jesus provoca em você? A resposta sincera a essa pergunta, pode trazer à luz realidades escondidas do seu coração.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!
